quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Caminho





Caminho


Na Filosofia,
Na Psicologia,
Na análise critica
Por Mestres cedo ensinada,
Bem assimilada,
Encontrei o prazer da reflexão,
O eu questionando:
Estando eu à janela,
Poderei eu observar
Na rua o eu a passar?
Foi por aí que comecei,
Divagando!

Foi por aí, pela interrogação,
Que jovem me iniciei.

Na Engenharia,
Na Matemática,
Na Informática,
Ao sol e com a lua
Estudando,
Encontrei velhos problemas
E deram-me sabidas soluções;
Depois, com deleite investigando,
Criticamente analisando
Velhos e novos problemas,
Novas soluções encontrei,
Mesmo soluções certas não existindo,
Apenas certas aproximações inferindo.

Foi por aqui que adulto continuei.
Com a Filosofia,
Com as Ciências,
Vivendo a vida,
O Ser intuindo,
É agora na Poesia
Que sinto encontrar,
Curiosamente,
Finalmente,
As perguntas sem resposta
Do Início e do Fim,
Do Mundo e da Vida
A iniciar e a findar,
As perguntas essenciais
Sem resposta receber,
Sem resposta fornecer,
Por não haver!
Eis os antigos Mistérios
Perenes a permanecer!

É na Poesia
Que as perguntas
Essenciais,
Simples,
Vitais,
Ficam sem resposta!

É na Poesia!

Ou talvez não seja:
Talvez a Poesia seja
A síntese sublime do Ser
De todas as perguntas
E de todas as respostas
De cada um ser e de se ser!
Talvez a Poesia
Seja
A síntese do Ser!

Este é o caminho!


José Rodrigues Dias, Braços Abraçados, Tartaruga Editora, 2010.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Diz-me o caminho…




Diz-me o caminho… 


Estou perdido,
diz-me o caminho, por onde é,
não vês que estou tão perdido?!…
Ontem eu sabia onde estava,
para onde ia, o que me esperava,
os caminhos, os carreiros,
as luas,
conhecia os deuses…
Não vês, agora não sei o que aconteceu,
o que me adormeceu de ontem para hoje
que aqui estou tão perdido e só,
só com os perdidos como eu,

entre novos deuses que não sei quem são
e como assim da noite
sombrios e distantes vieram da escuridão…
Estou perdido, sem luz,
não vês?!…

Diz-me tu o caminho,
estou com medo, por onde devo ir,
por onde faça sentido…

2012-02-01


José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar
pp 170-171, Ed. Forinfor, 2016.