sábado, 25 de abril de 2015

Abril, aquele dia…



Abril, aquele dia…


Antes, ameaças de um parto
de tempo há muito feito,
enfim, de madrugada o parto…

De manhã para o Técnico parto
logo cedo de comboio e de metro,
da estação de comboio do Rossio
à do metro dos Restauradores
nem um só eco de um silvo frio
de canhões em espera ali tão perto…

Eram as munições feitas de flores
as de todos os canhões,
de cravos vermelhos, seus odores…

Praças e ruas coloridas de cantores,
encanto plural de pássaros
em canto liberto de antigos temores…

Era limpo aquele dia
de ditadores,
canto novo de alegria…

Moribunda, morria,
à rua
a morte já não saía…

Naquele dia
a vida amanhecia,
outro o dia…


José Rodrigues Dias, Abril, 40 Anos, APE, Associação Portuguesa de Escritores, Âncora Editora, pp. 103-104, 2014.

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