O sentido da morte
Estou, de novo, a pensar no sentido
da morte, Steve.
A morte, dizias, seria a maior
invenção da vida!
Quem diria, Steve?! Só mesmo tu! …
Mas talvez eu preferisse inverter
os papéis!
Pois, então, não é a vida a maior
invenção da morte,
Saída de um panelão de uma cozinha
enorme iluminada,
Os ingredientes todos juntos e
preparados pelo tempo,
E, depois, depois apenas uma
simples erupção,
Como num simples interruptor de
zero para um?! …
Tu, que pensaste nisso,
Que dirias, Steve?
Mas talvez tenhas mesmo razão!
A vida, a vida de cada um de nós,
Só tem sentido e um valor como
outro valor não há
Porque a morte lhe sucede num dia
incerto,
Ou a vida em outro estado de vida,
Isso não sei, Steve!
Estou a pensar …
Se a vida fosse eterna,
Se a vida, genialmente,
Não tivesse criado a sua própria
morte,
Que encanto teria o dia seguinte,
E aquele petisco de fim de tarde,
E aquele luar dos namorados,
Se haveria sempre um dia seguinte?
E o prazer e a pressa de fazer,
De não adiar para amanhã o dia de
hoje,
Esse stress bom,
Por amanhã poder um dia certo já
não ser …
Talvez tenhas mesmo razão, Steve!
E o beijo, então, a que saberia?
E haveria mesmo o beijo?
Talvez não, Steve! …
Nem vida haveria! …